Escrito por: Bruno Domingues
A convite da HBO Brasil, o BDS News assistiu aos 3 primeiros episódios da segunda temporada de Pico da Neblina, série original do canal e participou da coletiva de imprensa para conversar com a equipe e o elenco da série.
Pico da Neblina foi lançada em 2019, mostrando um universo onde o Brasil teria legalizado o consumo e venda de maconha em todo país. Achei a primeira temporada muito legal, mas faltava algo de profundidade em seus personagens, o clima e todo o entorno eram ótimos, porém eu senti que ainda faltava algo. Claro que tínhamos personagens profundos, mas o clima da legalização e do tráfico tomavam conta de tudo. Já nessa segunda temporada, até aqui, as coisas estão diferentes. Com antigos e novos rostos, mergulhamos nos personagens e em seus medos, anseios, dores, prazeres e como eles lidam com toda a questão da legalização.
Os episódios são longos e tem mais de uma hora de duração, mas confesso que nem senti, pois, a série tem um ritmo frenético e algumas boas reviravoltas deixando o espectador preso às histórias dos personagens.
Preciso tirar um parágrafo para falar do Biriba. Após os acontecimentos finais da primeira temporada, vemos ele bem, no fundo do poço, sem sua loja, trabalhando para o CD e sem liberdade alguma para pôr em prática suas ideias. Gosto de como ele, mesmo assim, consegue pensar em como se tornar algo diferente, como um homem negro passando por muitas situações ele percebe que ainda há como reverter tudo e ter seus sonhos realizados.
Na coletiva, foi citada a representatividade da série, e isso é muito perceptível em todo momento, você sente que a realidade está ali, também é legal citar que por trás das câmeras a representatividade foi importante para o elenco, e isso é transmitido para a tela com as histórias mais cruas e mais profundas. Como uma pessoa parte da comunidade LGBTQIA+ gosto muito disso, penso que a realidade não é um grupo de brancos héteros que contariam histórias já batidas.
Destaque para o CD e a Kelly, dois personagens menos importantes na primeira temporada, mas com plots muito legais até aqui. Fugindo de spoiler, o CD tem minha torcida, mesmo sendo visto como um vilão, ele é complexo na medida certa e consegue traduzir muito bem o que o mundo seria com a legalização.
Outro ponto interessante para mim, foiram a fotografia e a trilha sonora, que cumprem um papel muito importante. Vemos que muitas vezes séries nacionais não são lembradas por isso, alguns cortes de câmera te deixam tensos e nervosos.
Antes de encerrar, eles comentaram na coletiva sobre esse mundo ser muito utópico para os dias de hoje no nosso Brasil, e digo que concordo com a maioria deles., Não acho utópico, pois para uma parcela da sociedade a maconha (e outras drogas) já é legalizada, pessoas com mais poder financeiro não sofrem represálias ou os males do tráfico para usar sua droga.
Confesso que fiquei com vontade de ver mais episódios, pois os finais têm ótimos cliffs que te prendem e fazem querer ver mais e mais., A série não perde nada para produtos internacionais, conta muitas histórias reais num universo não muito distante do nosso.
Pico da Neblina volta dia 03 de julho na HBO e na HBO Max com episódios semanais.
Nota: 9.0