Escrito por: Pedro Rubens
Não precisa ninguém fingir que descobriu a roda e sair falando aos quatro cantos do mundo que The Boys é uma série sobre o que aconteceria se hoje em dia as pessoas tivessem a oportunidade de ganhar poderes. Isso já é explícito desde a primeira temporada e nunca foi necessária uma análise combinatória, um artigo científico, debates acadêmicos e tampouco um tweet pra revelar essa predisposição da série.
No novo ano, a série segue acompanhando o grupo liderado por Billy Butcher, denominado de The Boys, quando uma nova arma surge em meio a corrida em busca de desmascarar o famigerado Homelander e todos os seus crimes. A diferença das demais temporadas é que há uma aura de renovo, o leque de possibilidades está diferente e as possibilidades de um plot diferente dos anos anteriores são grandes.
Tudo aqui está muito mais aguçado, desprendido do medo e sem perda de tempo. Diante da possibilidade de encontrar um outro Super capaz de derrotar o líder dos Sete, a série avança perfeitamente a história principal, enquanto desenvolve arcos secundários. Estes, inclusive, são responsáveis pela quebra de tensão através de coadjuvantes carismáticos e que nos fazem amá-los, ou passar a odiá-los, ainda mais.
O trabalho de Antony Starr, por exemplo, é algo fora do comum! O escalonamento do seu personagem é indescritível e atinge níveis absurdos de atuação. Sua entrega é tão perfeita que nos leva a olhar para o ator com outra perspectiva tanto pelo seu talento quanto por não conseguir desvinculá-lo do personagem. Olhares confusos e recheados de ódio, um sarcasmo inigualável, uma falta de pudor sem precedentes e um senso de justiça infundado transformam Homelander num ícone, para o bem ou para o mal.
As inúmeras pautas levantadas por The Boys são extremamente bem desenvolvidas com uma acidez muito peculiar. É uma característica muito singular da série propor um texto afiado, sem muito requinte, mas ainda assim robusto e cheio de significado.
Porém, talvez o maior problema da temporada tenha sido conceber 7 episódios catárticos e que prometiam uma season finale grandiosa, mas entregar apenas uma confusão desfavorável a tudo que foi construído. Não há emoção, não há dor, não há renovação e não há nada de novo.
A oportunidade que é almejada desde o primeiro episódio da série se vê diante dos olhos de todos, mas deixam passar. O bom que se tornou ruim e, aparentemente, voltou a ser bom. O personagem ruim que só é ruim e ninguém faz nada. A reunião de um grupo que promete fazer algo e busca justiça mas quando pode fazer simplesmente recua. Não dá pra entender as escolhas do último episódio e a grandiosa quebra de clímax. Por 3 temporadas, a série se mostrou desprendida de sentimentos, sem medo e totalmente disposta a ousar, mas infelizmente o último episódio vai completamente contra isso.
The Boys nunca precisou de ninguém explicando o que já era explícito e, por isso, ainda segue sendo uma boa série, mas que precisa realinhar as ideias e voltar a arriscar.
Nota: 8.56