Escrito por: Leonardo Markana
Muitas produções televisivas se preocupam cada vez mais em serem inclusivas quando o assunto é diversidade e sexualidade. Algumas conseguem realizar um trabalho decente, outras nem tanto, e muitas continuam aderindo aos tropos nocivos para a comunidade LGBTQ+. Não vai ser o caso de Queer as Folk (2022), reboot que sucede outras duas versões, sendo uma britânica (1999-2000) e uma americana (2000-2005).
Queer as Folk (2022) em nenhum momento se preocupa em querer seguir os passos ou se assemelhar às suas séries antecessoras. Ela segue seu próprio caminho com suas próprias narrativas condizentes com o contexto político e social que a comunidade LGBTQ+ se encontra em 2022. Não se pode negar a importância que ambas as séries tiveram em suas épocas, mas é bom encontrar um leque muito maior de narrativas diversificadas e complexas nesta nova versão, como Ruthie, uma professora trans; Mingus, personagem não-binário que recusa a limitação imposta pelos tão conhecidos esteriótipos, ou Julian, personagem gay nascido com deficiência, mas que em nenhum momento se deixa definir apenas por essa característica em sua vida.
O primeiro episódio apresenta de maneira gradual todos os personagens e como eles se relacionam, direta ou indiretamente, na comunidade LGBTQ+ de Nova Orleans. Após um trágico acontecimento, a temporada irá trabalhar como eles vivenciam não só seus traumas mas suas próprias vivências enquanto pessoas queers de maneira realista e orgânica dentro da proposta da série. A série realiza um ótimo trabalho em naturalizar aspectos da comunidade que dificilmente seriam vistos em outras séries com personagens queers em suas tramas. Dar essa liberdade para esses personagens poderem ir além dos seus rótulos os deixam muito mais complexos e interessantes de acompanhar.
Um aspecto um tanto negativo é a série ter sido lançada no Peacock, streaming que acaba não chegando a um público maior, o que impede que a produção receba mais reconhecimento pelo seu público destinado. Outro aspecto, sob um ponto de vista pessoal, é o fato de oito episódios impedir que certas narrativas se desenvolvam um pouco mais devagar do que outras, fazendo com fiquem um tanto apressadas dependendo do ponto de vista do telespectador. Mas em nenhum momento deixa de ser uma série que realmente trabalha toda a questão de representatividade da melhor maneira possível para a sua audiência, afinal, é um reboot destinado a refletir os tempos em que se encontra.
A série está sendo exibida aos domingos no Starzplay.
Nota - 8.5