Escrito por: Leonardo Markana
Reboot do filme de 1992, criada por Abbi Jacobson (Broad City), Will Graham (Mozart of the Jungle) e baseada em eventos reais, A League of Their Own introduz as Rockford Peaches, primeira liga feminina profissional de beisebol criada em 1943, como forma de suprir a falta de muitos jogadores profissionais convocados durante a Segunda Guerra Mundial.
A nova dramédia do Prime Video nos apresenta as duas protagonistas que compartilham do mesmo sonho, mas se encontram em jornadas muito diferentes: Carson Shaw (Jacobson), uma mulher do interior de Iowa que decide pegar um trem para Chicago e tentar sua sorte na nova equipe, enquanto seu marido encontra-se ausente por conta da guerra; e Max Chapman, uma mulher com extremo talento e potencial para ser uma ótima jogadora profissional, porém se depara com todas as dificuldades possíveis por conta da cor de sua pele.
Com oito episódios em sua primeira temporada, posso dizer que a produção nasceu com erros e acertos. A primeira metade não se preocupa em apressar a narrativa, mas em desenvolvê-la de maneira gradual e às vezes até um pouco lenta demais dependendo da personagem em questão. Durante alguns episódios, fica a sensação de que o roteiro demora um pouco para chegar ao objetivo principal, como apresentar Dove, interpretado por Nick Offerman (The Office), para depois retirá-lo de cena de maneira repentina.
Além disso, nem todos os personagens secundários precisam receber destaque, funcionando no caso de Lupe e Jess, que conseguem entregar o carisma e a sensibilidade, elevando a narrativa tanto quanto as protagonistas. Porém, muitas vezes senti que personagens como Clance, melhor amiga de Max, ganha um certo destaque além do necessário, quando eu me encontrava mais interessado em acompanhar as personagens que faziam parte da equipe.
No entanto, A League of Their Own não tem medo de explorar as nuances apresentadas por suas personagens que possuem as mais diversas bagagens entre si, sem o uso de um texto caricato. Os primeiros episódios contextualizam de maneira eficiente, até mesmo sem precisar de esforço para isso, todas as questões e empecilhos sociais que as mulheres na década de 1940 eram submetidas diariamente. A narrativa trabalha com as personagens não só como um time feminino de beisebol, mas também como mulheres excluídas de uma sociedade que sempre as impediram de se tornar uma comunidade.
Questões sobre cor, gênero e sexualidade estão muito presentes na narrativa, sendo elas um considerável fio condutor para o desenvolvimento de suas protagonistas. Ao longo da temporada, a série gradualmente desenvolve o romance entre Carson e Greta, interpretada pela maravilhosa D’Arcy Carden (The Good Place), iniciando-se de maneira singela até chegar ao ponto onde o romance se torna tão importante quanto o campeonato de beisebol para as Peaches. Já com Max, pelo fato de ser uma mulher negra, tanto as dificuldades da vida como as de se tornar uma jogadora de beisebol a encontram de maneira ainda mais pesada, não só pela sociedade mas dentro de sua própria família. Possuindo uma personalidade fervorosa, tudo isso não a impede de seguir atrás de seu grande sonho mesmo que, em muitos momentos, ele aparente ser impossível de ser realizado.
Carson e Max, apesar de protagonistas e ambas se conhecerem, nunca se encontram em uma mesma storyline, aspecto que me surpreendeu ao longo da temporada, pois em determinado momento acreditei que suas narrativas se encontrariam. Mas a série em nenhum momento desconsidera seu contexto histórico, quando o racismo explícito ainda se encontra fortemente presente na sociedade americana, o que impede de unir suas protagonistas por uma conveniência de roteiro. Pode não ser o melhor caminho para quem torce por isso, mas não deixa de ser o mais realista para sua narrativa.
A League of Their Own tropeça consideráveis vezes ao longo do caminho, mas entrega humor, carisma e sensibilidade, especialmente em seu episódio final. Poderia ser um hit no catálogo do Prime Video, porém nos tempos de inconstância no streaming fica difícil fazer uma previsão. Entretanto, tem tudo para encontrar um público fiel e que aprecie sua história. E genuinamente espero que ganhe uma segunda temporada.
A 1ª temporada estreia dia 12 de agosto, no Prime Video.
Nota - 8.5