Crítica - Pretty Little Liars: Original Sin

Escrita por: Amanda Kassis

Gotta secret, can you keep it? 'Pretty Little Liars: Original Sin' (PLL: Um Novo Pecado, no Brasil) é mais uma produção pertencente à era de revivals, remakes e reboots que tomou conta do mundo das séries americanas. Este original HBO Max mistura drama, mistério e o subgênero slasher para apresentar uma nova cidade, um novo grupo de liars e um novo perseguidor conhecido como 'A'. 

Situada em Millwood, uma cidade próxima à Rosewood, onde se passa a trama original, a série acompanha um grupo de 5 adolescentes – Imogen, Tabby, Faran, Noa e Mouse – que foram unidas pelo bullying que sofrem no Ensino Médio e pela curiosidade de desvendar uma misteriosa morte ligada às mães das protagonistas. 

No início, as estudantes acreditam que Karen, a típica menina malvada, estaria enviando mensagens com a assinatura 'A' para as garotas, mas não demora para elas perceberem a identidade misteriosa pertence à alguém com um senso de justiça distorcido que busca vingança pela morte de Angela Waters, uma garota que se suicidou no Ano Novo do ano 2000, e também persegue os bullies da escola que elas frequentam.

Enquanto o número de mortos aumenta a cada episódio, as protagonistas investigam os acontecimentos que a cidade de Millwood tentou enterrar. Quem mais tem interesse de que esses segredos permaneçam escondidos são as mães das adolescentes, que pertenciam ao mesmo grupo de amigas em 1999, e tiveram suas vidas marcadas pela morte de Angela. Porém, o passado precisa ser revelado antes que as filhas paguem pelos erros das mães que estão longe de serem inocentes.

A produção intercala flashbacks dos meses que antecedem ao suicídio de Angela, em 1999, e cenas da investigação das protagonistas no presente. Misturando cenários bem produzidos que lembram 'Riverdale' e 'O Mundo Sombrio de Sabrina', cenas de perseguição tensas diretamente inspiradas por produções slasher como 'O Massacre da Serra Elétrica', e referências à série original da franquia, 'PLL: Original Sin' se mostra uma surpresa positiva.

Depois do fracasso dos outros dois spin-offs, 'Ravenswood' (2013) e 'PLL: The Perfectionists' (2019), ambas que não garantiram renovações para suas respectivas segundas temporadas, parece que finalmente Marlene King (showrunner de PLL) conseguiu reproduzir a sua fórmula e ainda assim criar algo original, que honra o legado da franquia.

O segredo pode estar no subgênero slasher, algo que as outras produções nem sonharam em fazer e que combina muito mais com a proposta original de um perseguidor sanguinário e anônimo. Isso deve-se à liberdade de produzir uma série diretamente para streaming em vez de para TV, que não permite conteúdos tão explícitos no horário nobre. Também, a narrativa se passa 12 anos após a original e traz assuntos mais modernos, que eram tabus antigamente, e um elenco diverso.

Por mais que a criação do grupo de liars pareça um pouco abrupta no início, outro ponto positivo da série é o desenvolvimento da relação entre as adolescentes. Ao contrário do grupo original, não existem mágoas entre elas ou a necessidade de manter segredos a partir do momento que começam a confiar umas nas outras, isso faz com que elas tomem decisões mais inteligentes em grupo. O destaque fica para relação de Imogen e Tabby, que dividem uma mesma dor causada por violência, e juntas formam um sistema de apoio.

No quesito atuação não se pode deixar de falar de Bailee Madison, intérprete de Imogen, que mostra os altos e baixos de uma adolescente grávida, lidando com as incertezas da idade, o luto pela morte repentina da mãe, e o terror causado por 'A'. Quem também brilha é Mallory Bechtel, atriz que dá vida às irmãs gêmeas Karen e Kelly. A preparação de Bechtel é tão boa que as duas personagens realmente parecem ser interpretadas por atrizes diferentes, cada uma possuindo seus próprios trejeitos.

Por mais que, particularmente, houveram momentos mais emocionantes do que a revelação da identidade de 'A', pelo menos pode-se celebrar que não houve a enrolação por 7 temporadas, ao contrário de PLL. Ainda, o roteiro traz uma dinâmica diferente com o personagem misterioso que, na maioria das vezes, faz a audiência torcer pelo justiceiro com morais distorcidas, tornando-se mais um anti-herói do que um vilão, que persegue os valentões da história.

A renovação para a 2ª temporada ainda não está confirmada, mas pela repercussão nas redes sociais, críticas positivas – a série conta com 88% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes e 82% no Metacritic – e investimento alto em marketing, acredito que essa não será a última vez que veremos as liars de Millwood. E, pelo desenrolar da season finale, talvez vejamos alguns rostos conhecidos da série original na próxima temporada…

Quer conhecer a nova geração de liars? Os 10 episódios da  1ª temporada já estão disponíveis na plataforma HBO Max.

Nota: 8.0