Escrito por: Tom Carvalho
Eleita, nova série original do Prime Video, aposta no talento da comédia nacional para uma abordagem improvável, divertida e satírica do cenário político nacional, propondo situações mais que absurdas em episódios que a loucura por trás dos cargos públicos em posições de destaque no país.
O universo de Eleita fascina e tira sarro com a forma com que o brasileiro vê e participa da política. No universo da série, Fefê (interpretada por Clarice Falcão), uma anônima com uma vida totalmente desenfreada, é eleita governadora do estado do Rio de Janeiro (único estado que existe no Brasil em qualquer produção de streaming aparentemente) e adentra na carreira política sem nenhum conhecimento prévio, muito menos bom senso. O telespectador com o tempo, pega referências que citam Kleber Bambam (Big Brother 1) e a cantora Wanessa Camargo como figuras políticas dentro do mesmo universo, o que deixa claro a posição do eleitor e o que realmente acontece nesse jogo de politicagem que muitas vezes não faz sentido. Alguma semelhança com a vida real? Tempos difíceis tanto na ficção quanto na realidade.
A máquina pública aqui fica bem representada pelo Deputado Netinho Junior, personagem de Diogo Vilela, um experiente político do estado do Rio que guia Fefê (e o telespectador) pelo mundo da burocracia e da falsa empatia presente no dia a dia de um membro de qualquer partido político que governa cidades, estados em todo o país. Outros personagens como a Deputada Pastora Rosana, membro que lidera a bancada evangélica do estado, servem de contraponto para o total desgoverno que Fefê pretende instaurar. No decorrer dos episódios passamos a observar um crescimento pessoal que se desenvolve aos poucos na protagonista enquanto ela é exposta à complexidade do cargo. Apesar de se basear em política, a série se mantém interessante e foca muito na personagem principal e na jornada que o ambiente do cargo público traz para sua vida.
Bella Camero, que interpreta Nanda, melhor amiga de Fefê, traz um ótimo contraponto e enquanto a maior parte das cenas traz situações que se passam nos prédios públicos da cidade, Nanda serve como uma conselheira e porto seguro de Fefê. Eh como se a personagem seguisse uma jornada que caminha junto com a de Fefê mas que difere muito em intensidade e objetivos.
Os episódios da série são curtos e sabem muito bem onde querem chegar. A série é ágil e traz algumas agradáveis surpresas nos episódios finais. Pra você que curte uma variada de narrativa, o sexto episódio traz uma combinação bem divertida que mostra talentos “escondidos” do elenco.
A série bebe da água de comédias consagradas como “The Office” e “Fleabag” mas de uma forma muito nossa graças ao talento de Clarice Falcão e Célio Porto, criadores do projeto, com quem o BDS pode ouvir na coletiva de imprensa da série. Carolina Jabor (que também fez parte da equipe técnica de Mandrake e A Mulher Invisível) assina como diretora-geral e Rodrigo Van Der Put (que dirigiu o polêmico especial de Natal do Porta dos Fundos, “A Última Tentação de Cristo” em 2021) também atua na direção.
Apesar de um tema “absurdo”, Eleita traz uma abordagem leve para um tema um tanto quanto controverso e polêmico, ainda mais num momento crucial para a democracia brasileira. Vale ressaltar que a diretora-geral Carolina Jabor garantiu à imprensa que a série nunca teve a intenção de ser lançada em meio a eleições no Brasil, mas que o fato da data de lançamento acontecer justamente na semana de eleição com certeza adiciona um interesse a mais pela produção.
Eleita terá todos os seus 7 episódios lançados amanhã dia 7 de outubro no Prime Video. Os criadores e o elenco fizeram menções a uma 2a temporada para a imprensa, o que nos dá indícios de uma possível, talvez iminente renovação.
Nota: 7.9