Crítica - 1ªT de Vampire Academy

Escrita por: Amanda Kassis

'Vampire Academy', primeira série sobrenatural produzida pela Peacock, finaliza a temporada em alta, mas divide opiniões entre aqueles que leram a saga original e os novos fãs.

Baseada no universo literário criado por Richelle Mead, a série acompanha duas melhores amigas, a guardiã Rose (Sisi Stringer) e a vampira Lissa Dragomir (Daniela Nieves), enquanto navegam as mudanças em suas vidas desencadeadas pela morte da família Dragomir. Após a tragédia, todos os planos que elas tinham para o futuro são destruídos e Lissa se torna a herdeira do Domínio, onde a sociedade vampira vive separada do mundo humano, papel que deveria ser de seu falecido irmão, o príncipe Andre (Jason Diaz).

A produção é assinada por Julie Plec e Marguerite MacIntyre, respectivamente a criadora do universo de 'The Vampire Diaries' e a intérpete da xerife Forbes – parte do elenco regular de TVD por 6 temporadas. Com a inegável experiência das duas no assunto e um material literário best-seller, a expectativa dos fãs era alta, mas as mudanças no enredo causaram estranhamento e até descontentamento.

Assim como fez em 'The Vampire Diaries', que também é a adaptação de uma saga de livros, Plec apenas usou a base da história original e a cultura vampiresca apresentada para criar algo novo. Com eventos fora de ordem e mudanças drásticas no destino de alguns personagens, é compreensível que a série não tenha agradado a todos. 

Porém, a audiência de 'Vampire Academy' não é apenas formada por esses fãs, mas por pessoas que estão sendo apresentadas a esse universo fictício agora e, a julgar pela movimentação nas redes sociais, gostaram do que viram. Outro ponto a ser considerado é que, mesmo com essas mudanças, a essência do material foi mantido, principalmente por focar no laço entre as protagonistas Rose e Lissa.

A guardiã Rose, narradora da história, é muito bem interpretada por Sisi Stringer, que está no início de carreira, porém é um rosto conhecido para quem assistiu ao último filme da franquia Mortal Kombat – no qual viveu a combatente Mileena. Aqui, ela traz carisma, força e uma química rara com seu par romântico em potencial, o guardião Dimitri – interpretado por Kieron Moore. Por sinal, o ator também é novato nas telas e, sem dúvida, é uma revelação.

A relação dos dois é um dos focos da temporada. Constantemente, o roteiro mostra os dois personagens divididos entre o amor e o dever. Dimitri é o soldado perfeito que precisa seguir ordens e ter disciplina para se manter na linha, enquanto Rose só aceita fazer parte dessa sociedade vampiresca por causa da melhor amiga. Ela sabe que o sistema está quebrado e que os guardiões são vistos como algo descartável.

O sistema e os jogos de poder são o tema central da 1ª temporada. Um dos pontos positivos da série é que existe uma narrativa mais aprofundada para Lissa e mostrada do ponto de vista dela, ao invés de ser sempre contada por Rose. A nova princesa jamais imaginou ser a herdeira do trono e encontra diversos obstáculos causados tanto por inimigos conhecidos quanto aqueles escondidos nas sombras. Ao longo dos episódios, a personagem aceita sua posição e surge um senso de dever – uma vontade genuína de unir o Domínio e transformar o lugar para que seja melhor para todos. 

Ainda falando sobre Lissa, a grande falha da temporada é, sem dúvida, a escolha de seu par romântico. Andre Kim, conhecido por seu extenso papel na franquia 'Degrassi', dá vida ao isolado Christian Ozera – que possui muito mais espaço na série do que nos livros. Por mais que Kim convença quando está encenando com outros membros do elenco, ele não possui química alguma quando o assunto é Daniela Nieves ('Lissa').

Os altos e baixos no relacionamento de Rose e Lissa, o caminho a ser trilhado para alcançar o trono, e a luta contra o inimigo do Domínio – os sanguinários e imortais vampiros Strigoi – culminam em uma tensa batalha apresentada na season finale. Dezenas de figurantes com figurinos elaborados refletindo a cultura dos vampiros Moroi, muitos dublês e lutas coreografadas e as melhores performances dos protagonistas resultam em um episódio que deixa a audiência querendo mais. Também, o cliffhanger do final abre incontáveis possibilidades para a dupla principal.

É importante considerar que o streaming americano Peacock é pequeno e com um orçamento limitado, principalmente para apostas novas que podem não trazer o retorno esperado, então é satisfatório ver o que Julie e MacIntyre conseguiram trazer para a tela. 

Por fim, há um fator pouco visto nas produções mais recentes que funciona à favor dessa série: a nostalgia. Talvez seja por causa da visão de Plec e seu trabalho no universo de TVD, ou a própria saga literária que é originalmente datada de 2007 a 2010. De qualquer forma, 'Vampire Academy' transporta a audiência direto para as décadas de 2000 e 2010 – quando os vampiros eram as criaturas sobrenaturais mais populares da TV americana. E que saudades que estávamos de algo assim!

Claro, 'Vampire Academy' possui defeitos, mas também tem muito material para agradar aos fãs dos livros, caso eles escolham assistir possíveis novos episódios. O fato é que não há nada semelhante sendo exibido atualmente e essa série parece ter se popularizado o suficiente para garantir a renovação. 

A 1ª temporada de 'Vampire Academy' possui 10 episódios e ainda não há previsão de estreia no Brasil.

Nota: 8.6