Escrito por: Amanda Kassis
É inegável que as plataformas de streamings revolucionaram a maneira como as séries são consumidas e produzidas. A conveniência e instantaneidade propostas por esse formato também foram responsáveis por afundar as locadoras, principalmente a Blockbuster – que até tentou adquirir a Netflix nos anos 2000, quando ainda era a líder mundial desse tipo de serviço.
A mais nova sitcom lançada pela Netflix se aproveitou dessa história irônica para criar uma produção que prometia ajudar a preencher o vazio deixado por séries como 'Superstore' e 'Brooklyn 99', e uma alta dose de nostalgia. A narrativa retrata a luta dos funcionários da última Blockbuster dos EUA para manterem os negócios funcionando quando a corporação vai à falência, levando-os a descobrirem as dificuldades enfrentadas pelas pequenas empresas para continuarem na ativa.
Randall Park interpreta o protagonista Timmy, gerente que trabalha na locadora desde a adolescência. Ao receber a notícia de que a corporação fechou e, para piorar, há uma ordem de despejo para a loja, ele coloca todas as suas economias em jogo para tentar salvar a Blockbuster. O seu par romântico em potencial é a funcionária Eliza Walker (Melissa Fumero), uma quarentona que abandonou os seus estudos em Harvard para formar sua família e, 20 anos depois, contempla seu casamento falido e suas más escolhas profissionais.
O elenco ainda conta com a renomada artista da Broadway, Olga Merediz, ('Connie'), e os atores Tyler Alvarez ('Carlos'), J.B Smoove ('Percy') e Kamaia Fairburn ('Kayla'). Outro rosto conhecido é Madeleine Arthur ('Hannah'), que recentemente estrelou a minissérie 'Devil in Ohio' da Netflix.
Sem dúvida, a melhor parte do episódio é o ínicio, quando o roteiro aposta em um discurso nostálgico. Os funcionários se deparam com um cliente que não visitava a locadora há anos, e começam a apontar todos os motivos pelos quais a Blockbuster ainda é relevante – essas cenas são uma verdadeira viagem no tempo entre os anos 1990 e 2000.
Já no final do piloto, a sensação que fica é que a expectativa foi muito superior do que a realidade. A série apresenta algo que não possui identidade própria, sendo apenas uma tentativa de reproduzir as fórmulas de sucesso de outras comédias. Idealizada por Vanessa Ramos ('Brooklyn 99') e tendo uma equipe criativa composta pelos responsáveis por produções como 'Superstore', 'Ghosts' e 'Happy Endings', não é difícil imaginar de onde os membros tiraram a inspiração para tais semelhanças.
Outro problema são as piadas que, obviamente, devem ser a essência de qualquer comédia. Essas foram diretamente retiradas da época que a rede Blockbuster era um sucesso, sendo ultrapassadas e inseridas de maneira forçada, o que retira o foco da proposta. O tempo perdido nisso não deixa espaço para apresentar bem os personagens ou focar naquilo que realmente importa: ser um tributo para as saudosas locadoras de vídeo.
Qual o veredito? Não é uma sitcom memorável, pois desperdiça os três elementos que poderiam tornar essa série um sucesso: equipe criativa experiente, elenco de peso e uma premissa diferenciada. Entretanto, considerando uma outra perspectiva, os membros da audiência que desconhecem essas outras produções citadas não sentirão essa sensação de déjà vu, o que torna 'Blockbuster' uma história leve e rápida para maratonar no fim de semana.
Ficou curioso? Os 10 episódios da 1ª temporada já estão disponíveis no catálogo mundial da Netflix.
Nota: 6.0