Escrita por: Amanda Kassis
O que acontece quando o Prime Video aposta centenas de milhões de dólares em uma série estrelada por grandes nomes de Hollywood e produzida pelos irmãos Russo? Expectativas são criadas e não necessariamente correspondidas, porém, é preciso analisar 'Citadel' com cuidado.
Um famoso ditado já dizia que quanto mais alto, maior a queda. 'Citadel' foi apresentada ao público com a ideia de ser uma resposta à franquia do 007, o que definitivamente não mostrou ser, mas vem recebendo críticas um tanto duras, mesmo apresentando uma melhoria na qualidade a cada episódio e um universo de espionagem de alto potencial.
A narrativa apresenta os agentes Mason Kane (Richard Madden) e Nadia Sinh (Priyanka Chopra Jonas) da agência de espionagem Citadel, que foi dizimada após a traição de um de seus membros. Oito anos depois, os protagonistas vivem vidas comuns em diferentes partes do mundo, sem memórias do ocorrido devido a um dispositivo de segurança chamado backstop. As suas vidas pacatas são brutalmente interrompidas quando o gênio da tecnologia e ex-agente Bernard (Stanley Tucci) pede ajuda para impedir que a agência rival Mantícora, responsável pela destruição, tenha acesso à uma maleta que possui todos os códigos das ogivas nucleares do mundo.
Extrapolando o uso do recurso de flashback, os 6 episódios constantemente mostram o antes e depois da queda da agência para apresentar os suspeitos e entender o relacionamento romântico entre os protagonistas. Missões de alto risco, cenas de ação em grande escala e segredos permeiam essa narrativa bem introdutória, porém, o roteiro erra ao focar suas suspeitas em um dos protagonistas desde o começo, o que deixa claro que tal personagem não poderia ser de fato o culpado — afinal, isso acabaria com o elemento surpresa da revelação.
O orçamento grandioso é visível em cada cena, a fotografia é belíssima e a atuação dos protagonistas não deixa a desejar, só que isso não é o suficiente para contar uma história que se destaque em meio ao mar de séries produzidas atualmente. Por isso, 'Citadel' não parece se encaixar na ideia de que um clichê bem produzido é sinônimo de sucesso. Os dois principais fatores que contribuem para isso são: a tensão rasa presente nas cenas e as constantes coincidências na trama para atender a narrativa.
O primeiro fator acontece por causa da constante sensação de que, não importa o que aconteça, os protagonistas sempre encontrarão uma solução para escapar, então não existe um risco real de morte ou falha. Já as coincidências absurdas mostram um nível de conforto dos roteiristas, pois não buscaram por soluções inteligentes para diversas situações apresentadas.
Entretanto, essa produção também possui grandes acertos. Primeiro, não se pode deixar de destacar a química entre os atores Madden e Chopra, que brilham em suas cenas juntos. Além disso, os criadores foram capazes de fundar uma franquia de espionagem global que pode e, sinceramente, precisa mostrar a que veio. Partindo do princípio de que a agência de espionagem possuía milhares de agentes espalhados pelo globo e dezenas de sedes secretas antes de sua queda, os spin-offs — em diversos estágios de produção — podem apresentar prequels ambientados nesse universo ficcional com incontáveis possibilidades.
Já para a série original, renovada antes mesmo de sua estreia, resta reunir todos os bons elementos de sua trama e seu grande elenco para transformar e elevar essa história. Não é preciso investir em sequências de ação ainda mais grandiosas para fazer a fórmula funcionar, mas correr riscos reais e trazer a sensação para a audiência de que nada e nenhum personagem estão seguros.
Por fim, na season finale, a revelação da identidade do traidor também abre caminho para uma jornada de vilão ou de redenção para um de seus personagens. Entre tantas mentiras, desconfianças e dinâmicas complicadas, como será que os roteiristas irão explorar esses relacionamentos? Quais serão os próximos passos da agência rival? E como essa história se conectará com as outras séries em desenvolvimento?
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Nota: 8.4
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