Escrita por: Amanda Kassis
Este texto possui spoilers sobre os principais momentos do episódio.
O BDS News foi convidado a assistir ao 2º episódio da 2ª temporada de 'House of the Dragon', uma série original HBO, baseada no livro 'Fogo & Sangue’ por George R. R. Martin.
Enquanto o retorno da série foi marcado por uma morte violenta e novos laços, o segundo episódio serviu para apresentar a quebra de alianças poderosas e derramar mais sangue. O foco inicial está na Fortaleza Vermelha, onde o assassinato do herdeiro dos Verdes, o príncipe Jaehaerys, causa desolação e oportunidade.
A Mão do Rei (Rhys Ifans) não se importa verdadeiramente com quem está por trás disso. É claro, ele ainda afirma que precisam saber, afinal, um rei pode ter mais de um inimigo – não somente a herdeira legítima do Trono de Ferro – porém o importante é tirar proveito da situação. Com certa relutância por parte de outros membros da família, como Alicent (Olivia Cooke), que acredita estar sendo punida pelos deuses, Otto decide por mais um ato de propaganda política de guerra: um funeral público para deslegitimar a campanha de Rhaenyra (Emma D’Arcy).
Testemunhado por todo o povo de Porto Real, o funeral se torna um verdadeiro espetáculo com a exposição macabra do cadáver costurado do príncipe. Ele é acompanhado por Alicent e Helaena (Phia Saban) ao som de guardas anunciando que aquela crueldade havia sido orquestrada por Rhaenyra, então apelidada de “assassina de parentes”. A jogada teve o efeito desejado, conquistando a empatia dos plebeus que enxergavam fraqueza no reinado de Aegon (Tom Glynn-Carney) após os eventos da coroação.
Outro ponto importante é a reunião do Conselho dos Pretos, que discute manobras para não perder o suporte das grandes casas. Até o momento, Rhaenyra não se dá conta que a crise foi provocada por uma vingança mal planejada por seu marido, Daemon (Matt Smith). Entretanto, basta uma troca de olhares mais atenta entre o casal para ela se dar conta da verdade. A longa sequência da discussão privada entre os personagens de D’Arcy e Smith é um dos pontos altos do episódio, trazendo luz à natureza suprimida do príncipe.
O seu ego ferido por acreditar que perdeu o trono para um irmão fraco leva Daemon a esbravejar que a herdeira apenas havia sido escolhida devido a impossibilidade do legado da jovem ser maior do que o conquistado por Viserys (Paddy Considine). Essa cena é a prova definitiva de que não há plena confiança entre os dois e, por mais que os objetivos deles sejam iguais, as jornadas devem ser diferentes. De certa forma, esse é o primeiro grande rompimento do episódio.
O outro caso é uma consequência direta da consciência pesada de Sir Cole (Fabien Frankel). Como Comandante da Guarda Real, ele devia ter protegido o príncipe herdeiro, mas estava na cama com Alicent. A morte somada ao affair, leva-o a dizer que não há absolvição para sua falha e começa a comandar os Mantos Brancos com um punho de ferro. Rapidamente, ele encontra em Sir Arryk (Luke Tittensor) uma forma de aliviar a própria consciência, acusando o subordinado de ser um traidor, pois seu irmão gêmeo, Erryk (Elliott Tittensor), aliou-se aos Pretos. Cole ordena que Arryk se disfarce como o gêmeo, vá até Pedra do Dragão e termine a guerra.
Assim, para os membros da audiência que gostam de uma boa sequência de ação, a luta entre os irmãos em Pedra do Dragão serve este propósito. Tendo feito a escolha certa de escalar gêmeos para interpretar os papéis ao invés de um único ator contracenando com um dublê, a cena possui muito mais movimento e menos jogos de câmeras. O momento mistura declarações de amor e traição, fundindo diferentes relatos sobre o ocorrido presentes nos livros de GoT, e termina com a morte de ambos. Erryk mata o invasor e, não conseguindo suportar o sangue do irmão nas próprias mãos, dá fim à própria vida.
Sem saber do fracasso de Erryk e contente que alguém, leia-se Sir Cole, finalmente tomou uma ação significativa para garantir o triunfo desejado pelos Verdes, Aegon decide que o avô não deve mais ser a Mão, nomeando o personagem de Frankel como substituto. Mais uma vez demonstrando sua personalidade impulsiva e ego frágil, a decisão de praticamente exilar o mais velho que possui vasta experiência política serve, de certa forma, para igualar um pouco mais a balança. Afinal, do outro lado desta Dança, os Pretos possuem incertezas sobre uma peça crucial do jogo, Daemon, e estão com sua causa manchada de sangue inocente.
Por mais que 'House of the Dragon' não tenha entregado um episódio à altura do anterior, consequência de ter optado por focar na construção de personagens e movimentos nas sombras, ainda há duas performances que brilharam em meio ao ordinário. Primeiro, Tom Glynn-Carney que intercalou momentos de fúria e luto, rendendo as duas melhores falas do episódio – “quero derramar sangue, não tinta." e "não quero dignidade, quero vingança" – tão condizentes com o personagem.
Segundo, uma cena do personagem de Ifans traz um tempero a mais às muitas monótonas conversas privadas entre os Verdes. Ao deixar de lado sua posição de Mão e tratar o neto como apenas um jovem mimado e iludido, Otto exala sarcasmo e desdém que são muito bem-vindos ao roteiro.
Em comparação ao episódio "Um Filho por Um Filho", este termina de forma morna, apresentando mais um fragmento do affair de Alicent e Cole, que não tiveram a relação abalada pela mudança de braço-direito do rei. Talvez, a expectativa por um final mais impactante seja somente consequência do próprio trabalho da série, que teve maestria no plot de Sangue e Queijo. Isso pode ser um testemunho da força que a produção tem ou, infelizmente, da falta de consistência previamente observada na metade da temporada anterior. O veredito? Só o tempo dirá.
Quer acompanhar a 2ª temporada? Semanalmente, aos domingos às 22h, um novo episódio é exibido no canal HBO e simultaneamente disponibilizado na Max. A temporada contará com 8 episódios.
Nota: 8.0