Exibido em: 10-Set-2017
Ultima edição: Matheus Ramos Coimbra | Editar minissinopse |
1h20 pra que
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David Simon disse uma vez, durante uma conversa com o grande Nick Hornby na época de The Wire, naquela que talvez seja a minha entrevista favorita do 'mundo literário': "meu padrão para a verossimilhança é simples e eu uso desde quando comecei a escrever narrativa em prosa: foda-se o leitor comum". E esse é um dos principais motivos de suas obras serem tão diferenciadas, é por isso que ele é o grande autor da televisão do século XXI.
As pessoas estão tão acostumadas com as séries da Netflix (que querendo ou não, é a grande vitrine de séries na cultura pop), em sua maioria feitas sob medida para esse 'leitor comum' que David Simon tanto despreza, e com os blockbusters de uma forma geral, que acabam tendo seriados-pipoca como referência, como dá pra ver em alguns comentários daqui. Mas citando novamente David Simon: "Você tem que escrever para si mesmo e para os outros roteiristas. Se você for na onda do público, ele sempre vai pedir sorvete. Tem de comer os legumes, você explica. O público é uma criança". E é isso que ele faz mais uma vez, em mais uma aula de como se fazer um episódio de estreia. Outro ponto é que as obras do Simon, como ele mesmo definiu, são como "romances visuais", há toda uma linguagem literária que raramente vemos no audiovisual (a não ser nas séries do David Milch, talvez de Matthew Weiner), outro motivo de suas obras serem tão únicas. Tanto que - ao invés dos usuais screenwriters - ele chamou romancistas (com ênfase em ficção pesquisada) para o grupo de roteiristas, além de parceiros remanescentes de escrita, como George Pelecanos (talvez o grande tragediógrafo da nossa época, agora como co-showrunner) e Richard Price (considerado um dos melhores escritores de diálogos dos últimos tempos, como mostrou em The Wire e na minissérie The Night Of, em que ele escreveu todos os episódios), ambos com passado literário. E sem esquecer da identidade visual (afinal, é uma série de época), que ficou por conta da excelente Michelle MacLaren (uma das principais responsáveis por Breaking Bad) e de Pepe Avila del Pino, que vem de um ótimo trabalho como diretor de fotografia de Quarry, ambientada na mesma década. Esse final, aliás, me lembrou bastante o piloto de Quarry. E sim, era necessário ter 1h20 de duração para estabelecer o universo da série e fazer uma apresentação digna dos personagens, que foi um dos problemas do piloto de Treme, outra série do Simon com numerosos personagens (e que, diferentemente de The Wire - e a exemplo de The Deuce - também não tinha um "caso" como gatilho). Se tivesse um minuto a menos não teria sido tão redondinho. Em linhas gerais, esse piloto confirma aquilo que eu já suspeitava quando li sobre a premissa e o pessoal envolvido: é a obra mais ambiciosa de David Simon desde The Wire, tanto em termos de narrativa, como de temática (provavelmente abordando a prostituição da mesma forma que TW tratou do tráfico de drogas) e potencial catártico (não lembro da última vez que terminei um piloto tão cativado pela maioria dos personagens, talvez só em TW mesmo). Até mesmo pelos diálogos pontuais e envolventes (e olha que esse episódio nem foi escrito por Richard Price), algo que eu senti falta em Show me a Hero e Treme. O hype era real. PS: Toda essa questão da prostituição e objetificação da mulher dialoga bastante com Mad Men, que terminou no início dos anos 70, que é mais ou menos quando The Deuce começa, mostrando um "outro lado" de New York, que vez ou outra era mostrado em Mad Men, agora sob o olhar mais naturalista de David Simon no lugar do realismo característico de Matthew Weiner. PS': Uma cena (que teria sido uma cold open quase tão icônica quanto a de TW) com referências a "SHEEEIT" e "the game", GOSTAMOS. PS": Esqueçam Vinyl. As únicas semelhanças entre as duas séries são a época e a emissora. Propostas totalmente diferentes. Uma foi criada pelo cara de Boardwalk Empire, a outra pelos responsáveis por The Wire (com colaboração de Breaking Bad/The Night Of/Quarry alums). The Deuce tá muito mais para The Americans, se for para fazer alguma comparação.
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O maior gênio da Tevê está de volta.
Welcome back, David Simon. O prazer é todo nosso.
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quanto mais james franco melhor
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Olha o roteiro disso, se liga no fio de enredo de cada personagem, observa os recursos narrativos utilizados pela série. Sensacional! Essa série é aquele tipo de obra que não precisa de sexo, ação, críticas pontuais, direções impecáveis (por mais que tenha tido algo excelente nesse piloto), por que já tem tudo isso incluso em falas, diálogos, momentos da trama que mostram o brilho de um roteiro extremamente incrível.
Que beleza de série, HBO muito obrigado.
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