Dahlia in Bloom é mais um exemplo de anime isekai que não tem qualquer preocupação em aprofundar o contexto da vida prévia do(a) protagonista. Neste piloto, por exemplo, temos apenas trinta segundos de cena em que uma mulher aleatória está trabalhando em um computador e, sem mais nem menos, morre. Apesar de abrupta, não é uma morte fulminante. É relativamente lenta e por isso mais parece que ela caiu de sono por estar cansada. Então enfiaram a música de abertura e, olha só, estamos num outro mundo. Se a sinopse não diz, eu jamais saberia que se tratava de uma karoshi, até porque a cena não dá uma puta evidência. Ou seja, em questão de segundos, já estamos no mundo de fantasia, sem qualquer construção ou desenvolvimento significativo sobre a vida anterior da moça.

Essa reincidente abordagem superficial nesses gênero de anime tira a oportunidade de entendermos melhor os(as) personagens e as motivações que eles(as) trazem para o novo mundo. Se a vida anterior da pessoa é jogada de qualquer jeito, sem um pretexto elaborado ou emocionalmente envolvente, seria melhor que o anime fosse apenas uma história de fantasia, sem o elemento de reencarnação. Assim, a narrativa poderia focar em construir um universo rico e consistente desde o início, sem depender de um trope que, muitas vezes, não é bem explorado.