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Que final irônico e genial! O fato de praticamente todos terem ido pro Céu só mostra que eles eram vítimas mesmo. Vítimas do sistema. O sistema que nos transforma em inimigos uns dos outros para dali tirar vantagem e conseguir cumprir as metas de vendas, faturamento e lucros a cada trimestre. E aí que nos tornamos inimigos de nós mesmos. Sem sequer percebermos.
Enquanto isso, Veronica e J.D. eram vítimas também. Mas vítimas deles mesmos. Porque o sistema que eles - principalmente o J.D. - tanto criticavam era o mesmo sistema que guiava as ações deles. De revolucionários, eles não tinham nada. Apenas queriam as mesmas coisas que todos os outros: atenção, fama, notoriedade. E, no final, pelo menos a Veronica conseguiu isso. Era o que ela também queria, afinal, como ela deixou bem claro para a Heather C.
Heather Chandler cujo final, aliás, também foi genial. Ela pode não ter ido parar no inferno, literalmente, como os outros dois, mas foi condenada a viver o resto da vida no seu próprio inferno particular, sendo a "ninguém" que vive às sombras de outros mesmo depois de tanto lutar para ser "alguém" (neste caso, uma opressora que, ao mesmo tempo, se declarava defensora dos oprimidos, ironicamente).
No geral, achei uma boa série. Não tão boa quanto o filme, mas bem acima do que eu esperava quando li as primeiras críticas. Acho que conseguiram muito bem transpor o humor ácido e a crítica ferina à sociedade reaganiana com bastante sucesso nessa atualização para os dias atuais.
Afinal, superficialmente o mundo pode ter mudado bastante com a chegada de smartphones, das redes sociais, da dominação do politicamente correto, etc. Mas, no âmago de tudo, ainda convivemos com os mesmos valores retorcidos do fim dos anos 80. E a série conseguiu retratar isto com louvor.
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