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Acho que a série não precisou manipular ninguém. Nem acho que faça isso de maneira unilateral, uma vez que estão buscando justificar até mesmo os erros dos Verdes (Alicent entendeu errado, o Aemond matou sem querer, etc.), dando uma complexidade maior que nos livros pra ambos os lados. Sim, creio que a Rhaenyra seja mais enfatizada enquanto protagonista sim. Mas o apoio aos Pretos, creio que venha muito do nosso contexto político atual, pós-MeToo, feminismo e questões relacionadas a autonomia das mulheres sobre seus corpos sendo discutidas amplamente. Mano, a série literalmente estreou essa semana, em que o Brasil parou pra debater a legislação do aborto após essa PL que ataca violentamente direitos conquistados pela mulheres, meninas, pessoas que gestam. A Dança acontece em grande parte porque a Rhaenyra escolheu ter autonomia sobre o próprio corpo e sexualidade, além de ir contra a maré misógina que acredita que ela não deveria estar no poder só por ser mulher. O apoio a ela, nesse momento, é meio que inevitável se temos um pouquinho de bom senso que seja.
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A série é um lixo como proposta de reflexão "progressista" atual. Os personagens negros e gays apresentam estereótipos e morrem a todo momento (até mesmo de mentira, pra fugir da realidade). A tensão sexual entre a Rhaenyra e Alicent nunca é aproveitada como poderia. A Rhaenyra escolheu a autonomia sobre o próprio corpo na esfera íntima, algo que a própria Alicent descobre nessa temporada, só que no caso dela é ruim e se trata de hipocrisia (porque é religiosa e vinha criticando a Rhaenyra por conta disso), sendo que a Rhaenyra mente para o reino todo sobre os pais dos filhos, sabe que não teria apoio nenhum caso se colocasse como uma "mulher livre" (se é que ela pode ser já que nasceu nobre e tudo é sobre dever, como pode cumprir seu dever sendo feminista? Impossível). Ela precisa sempre de um marido para estar "à frente", por fim se sujeitando ao psicopata do Daemon e a natureza extremamente violenta dele. Não há nenhuma vitória em querer que uma mulher governe num mundo totalmente patriarcal por si só, tanto é que ela não consegue, vão torcer até o fim e nunca se concretizará e mesmo que se concretizasse, pegue exemplos na realidade, que países ficaram menos misóginos só porque tiveram presidentas ou mulheres em cargos de poder? Esse Feminismo da GNT seu vai seguir ignorando simples fatos como esses.
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São maneiras e maneiras de interpretar, né? Sim, o tropo bury your gays existe, mas não acho que o universo GoT seja o melhor exemplo pra falar disso, porque a morte é um destino pra maioria dos personagens, independente de quem sejam. A Dança dos Dragões é uma guerra brutal e é de se imaginar que muita gente vai morrer, independente de serem negros ou não, gays ou não (lembrando que os Velaryon não são negros no livro e as mortes estão lá, tirando o Laenor, que a série mantém vivo). E sobre isso de o Laenor fugir, eu vejo até como uma subversão desse mesmo tropo, porque permitir a sobrevivência de um personagem negro e gay numa série conhecida por matar seus personagens sem pena é algo notável. Não digo que os roteiristas tinham isso em mente, mas é como eu interpreto.
Sobre a tensão sexual entre Rhaenyra e Alicent, é uma invenção da série que, para manter a substancialidade do material original não tinha como se materializar mesmo. Adaptação tem sim suas liberdades e essa tensão acrescenta camadas de complexidade nas personagens e no conflito entre elas, mas esperar que a série explore isso de maneira explícita é outra coisa.
Por fim, eu não disse em momento algum que série deveria educar de maneira didática, nem refletir com fidelidade nosso mundo ou nossa política, nem que deveria atestar pela capacidade de governar das mulheres fazendo nenhum tipo de paralelo com casos reais, então buscar esses exemplos que você cita não está tanto nas minhas pretensões aqui. O que acontece desde o início e daqui em diante é condizente com a sociedade patriarcal de Westeros, sim. Só digo que a série e as questões que ela levanta ressoam temas reais e que isso pode explicar porque a maioria das pessoas se identifica com os Pretos e com a causa da Rhaenyra. Reconhecer isso não significa que eu pretendo transpor a série para nossa realidade nem vice-versa de maneira substancial ou exaustiva.
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Amigo, você trouxe um exemplo do que está acontecendo agora e quis projetar dentro do universo da série, não foi eu que iniciei essa linha de raciocínio. Se a série está inventando coisas, a liberdade existe, um personagem que para todos está morto e não é mostrado ESTÁ MORTO (mesmo que não fisicamente, invisibilizado, no mínimo), se colocou personagens negros foi para que isso tivesse algum efeito no debate da atualidade, para traçar alguns paralelos, tanto que facilmente a narrativa da Rhaenyra se confunde com o feminismo branco e liberal de hoje, está bem longe de um feminismo libertário, já que ela própria é da realeza e se dobra a qualquer convenção para seguir tudo que a monarquia estabelece, a única diferença é que ela queria ser rainha como seu paizinho (homem) queria, algo que dificilmente aconteceria porque o mundo é patriarcal, a inversão de valores da série (com a ajuda do público, lógico) é surreal, e a conta não fecha até nas preferências que tinham em GoT e agora têm em HotD.
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