 |
Bem como boa parte daqui, acredito que todo mundo sentiu satisfação ao ver o abade tolo sendo morto. E até admito que foi uma grande surpresa por acontecer tão cedo. Eu achei mesmo que ele iria passar a temporada inteira dando e fomentando ruins conselhos para Guthred, outro tolo, mas não. A sensação única em ver Uhtred cravando aquela faca no peito do padre não foi tão pecaminosa quanto a conspiração de Eadred, que se não fosse por ele, Uhtred não teria sucumbido ou sido acorrentado a um dos mais humilhantes e sofríveis momentos de sua vida. Sofreu brutalidade, passou fome, sofreu com o frio, suas forças físicas foram drenadas e tanto seu emocional quanto suas faculdades psicológicas foram inflingidos, foram machucados. Isso em menção da morte deplorável do Hallig, preso na proa do navio.
Uhtred, por um ano, praticamente comeu o pão que o diabo amassou. O sofrimento estava estampado em seu rosto, mas sua batalha física e interna era contínua. Ele não queria desistir, ele era Uhtred, filho de Uhtred de Bebbanburg. Bem como ele menciona, o destino é tudo. Frisar isso é ver como tremenda é a dádiva dele em ter amigos e ainda irmãos que percorrem em caminho de seu resgate. Os dinamarqueses podem ser pagãos, praticar poligamia, esquartejar padres, fazer as piores coisas, mas as melhores qualidades deles estão inseridas na sua sinceridade e no modo de companheirismo e cumplicidade evidente entre os seus. Ragnar poderia estar do outro lado do mundo que ele moveria seus e terra só para ajudar seu irmão. Então, é o que vemos acontecer com Ragnar junto a Brida e Hild. Todos não estavam do outro lado do globo, mas pegaram seus cavalos e seguiram em direção àquele que silenciosamente buscava ajuda em cessar seus sofrimentos.
Quando Uhtred é resgatado, vemos um dos melhores momentos do capítulo, talvez de toda a série: Hild sendo um abraço acolhedor que carrega paz e palavras que confortam e acalmam o coração de Uhtred. É tão lindo de ver essa cena, e tão triste ao mesmo tempo quando vemos Uhtred dizer que tem vergonha de ter se tornado a pessoa que ele se tornou. Hild com todo o seu trazer de semblante espirituoso e caráter de mulher que Uhtred venera e respeita, faz ele se sentir novamente o que ele sempre foi: lhe entregando o colar e a espada. É uma passagem linda, honestamente, e a fotografia da cena resguarda toda a calmaria que se faz necessária depois de um grande passar de sofrimento que se data na história de vida do nosso guerreiro impulsivo. Fico imaginando o quão excelente deve ser ler esse momento nos livros.
|
38
0
0 |