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[Revendo]
O mais genial de rever algo é perceber as pequenas evoluções que normalmente são deixadas de lado numa primeira conferida. Um dos artifícios narrativos mais inteligentes que Larry David virá a utilizar em Seinfeld é tecer tramas, para cada um dos personagens, e fazer com que essas tramas se concluam no mesmo ambiente. E nesse episódio temos o primeiro vislumbre de algo próximo a isso, com o chá de bebê da amiga de Elaine. A ideia ainda não está totalmente lapidada, é óbvio (o Jerry não tem exatamente uma trama sólida e a história do Kramer fica meio solta), porém é fácil perceber quais as intenções que os roteiristas tinham.
Além disso, eu adoro como, aos poucos, a psique doentia de George vem sendo apresentada ao espectador. Temos aqui ele usando uma camisa manchada com chocolate, que ele guardou por três anos, apenas para se vingar da moça que a sujou. Não importa que essa moça hoje esteja com outro e grávida, George está chateado e precisa ter seu momento de "catarse". Que ironicamente vem na forma de outro doce manchando sua camisa. No final, sua vingança é deixada de lado e ele ajuda a mulher a levar os presentes para o carro, simplesmente porquê ela se põe numa posição de poder e ele fica acuado. Mais tarde ele afirma que simplesmente todas as mulheres do mundo conseguem dominá-lo. Eu nunca sei se falta o conhecimento sobre si próprio desde o início, ou se ele até sabe o quão fraco é, mas sua esperança de tentar algo diferente para causar uma mudança é forte demais. George foi, é, e sempre será um dos personagens mais bem escritos da história da comédia americana. Muito porque ele carrega um pouco de todos nós.
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