Exibido em: 31-Jul-2012
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Duas coisas chamaram a minha atenção nesse episódio: a trama da Carmela e a trama na Itália que focaliza no trio Tony/Paulie/Christopher.
O plot da Carm é bem óbvio, porém bem significativo. Ela se enxerga na esposa do Pussy, como foi apontado por Janice, percebido pela própria Angie na cena em que Carmela tenta convencê-la por todos os meios que o certo a se fazer é continuar casada (como se ela estivesse falando consigo mesma), e também na cena final, que replica exatamente o que aconteceu com Angie quando Pussy voltou para casa, mas dessa vez com Tony falando que está de volta. Nesse episódio, Annalisa consegue ser tudo o que Carmela não é devido ao misoginismo de Tony, bem escrachado em diversas falas em que demonstra sua incomodação gritante com uma mulher sendo a verdadeira chefe da famiglia, o papel que ele mesmo exerce. O episódio abre com eles tentando ver The Godfather II, um bom indício do que viria a ocorrer no episódio. Todos os três que de fato vão para Itália tentam se conectar (ou, no caso de Christopher, se desconectar) com seu país de origem. Paulie, mais desesperadamente, tenta conhecer o máximo de lugares, experimentar o máximo de comidas, conhecer diversas pessoas locais, mas falha miseravelmente em se conectar com todas elas, que se mostram como grandes decepções para o personagem, que tenta se enganar no final falando para o Pussy o quão extraordinária a Itália é. Já Christopher começa a viagem animado, querendo conhecer a cratera e comprar algo típico para Adriana, mas acaba se distraindo com um outro tipo de viagem e experimentando outras sensações (assumo que seja a heroína, uma droga sintética nada menos), e nem sequer sai de seu quarto de hotel. Dos três, Christopher é o mais novo e foi criado diferente, ele é mais distanciado de suas raízes e mais próximo a cultura americana (apesar de que todos são, na verdade, por mais que eles não queiram admitir pra si mesmos). Acredito que seja uma crítica que Chase elabora entre os dois países, por isso Chris prefere algo mais sintético/costumizado como drogas, do que sensações puras e verdadeiras; os EUA foi construído de forma sintetizada, como uma droga, contendo misturas de diversos elementos (culturas) em sua composição, replicando e modificando de acordo com suas vontades e necessidades aquilo que já existe e gerando efeitos inebriantes, ilusórios, porém passageiros. Contudo, como foi pontuado muito bem pelo episódio, a Itália foi construída de forma parecida, com uma mistura de povos um conquistando os outros, os delfos, os gregos, os romanos etc. Ainda assim, a série prefere representar os dois países distintamente por meio da fotografia e arquitetura, com os EUA contendo prédios, pontes, rodovias extensas (cores mais neutras e cinzas, ambientes mais sujos, natureza mais poluída, contendo mais camadas) e a Itália com paisagens naturais, pequenas casas mais antigas (cores mais suaves e coloridas), mas continua sendo, em muitos aspectos tão ou mais suja do que os EUA (o banheiro que o Paulie se recusa a ir no restaurante, o modo como eles trataram aquele menino das bombinhas etc). Tony vai à Itália em busca da verdadeira máfia, mas acaba se decepcionando como o resto de seus companheiros: expectativa vs realidade é um dos temas principais do episódio, e é pontuado que esse duelo só gera um resultado, decepção. Carmela tinha uma expectativa ilusória de como seria ser a esposa de um mafioso, mas a realidade se mostrou diferente... ela se encontra decepcionada com a volta de Tony. Tony se decepciona com a máfia italiana, Paulie se decepciona com a Itália em si e Chris não se dá nem a chance de se decepcionar pois prefere viver em um estado entorpecente de realidade, essa nunca o atingindo completamente. Até Angie esperava que Pussy reagisse diferente quando soubesse que ela tinha um tumor, mas essa expectativa só gerou decepções também.
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Assisti essa série por completo 3 vezes. A primeira vez foi acompanhando a série enquanto ela ainda estava no ar, a segunda foi a uns 3 anos e a terceira vez foi no ano passado.
Na primeira vez que vi por completo, achei a série boa porém nada de extraordinário. Somente depois, acompanhando as cenas e os diálogos com mais atenção, eu fui percebendo a quantidade de simbolismos e nuances nas cenas/diálogos que um único episódio de Sopranos possui e que passou batido na primeira vez. Sobre o roteiro parecer "parado", isso não significa que a história seja ruim. Aliás, depende exclusivamente da vontade do telespectador em tentar acompanhar e entender um episódio e, verdade seja dita, a minoria das pessoas tem essa vontade de compreender/aprender/refletir. O clássico exemplo disso é o controverso episódio "Fly" de Breaking Bad (o pessoal que só gosta de "ação" certamente odeia esse episódio e as duas primeiras temporadas). E outro ponto: a série retrata a vida do Tony (do'oh) e mesmo ele sendo o chefão da máfia, isso não quer dizer que a vida cotidiana dele precisa ser diferente e "interessante" em todos os dias do ano. Na verdade, a maioria dos dias serão apenas dias comuns e monótonos, assim como acontece nas nossas vidas. Então, por que esperar algo diferente do Tony / da série? E o desenvolvimento da série é lento porque nada acontece do dia pra noite, assim como a vida real.
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A crise de identidade do Paulie, confesso, é muito engraçada. O ator Tony Sirico é muito bom em fazer situações tristes parecerem engraçadas. Como sabemos, o Paulie é um daqueles românticos que acha que a cultura italiana foi "nutellizada", mas, ao conhecer seu país de origem, ele se sentiu completamente deslocado. Ele até tentou se enturmar com o pessoal, mas saiu decepcionado.
Todo esse drama do Paulie foi meio que explicado num diálogo entre o Tony e a italiana, quando ela comenta que os gregos estiveram ali (na península itálica) antes dos romanos, enquanto antes dos gregos havia alguém, e antes desse alguém havia outro alguém. As culturas evoluem ("evoluem" sem julgamento de valor) com o tempo, sofrem metamorfoses. Paulie e Tony não querem admitir, mas eles são mais americanos do que italianos.
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amei o chefão na italia ser uma mulher
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né só o tony que é machista não, olhando alguns comentários aqui, pqp vomitando.
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