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River é mais que um desiludido. Nas suas próprias palavras, é alguém que não se enquadra no mundo, não que se veja como anormal, pelo contrário. A vontade dele é que sua incapacidade de fingir não seja vista como loucura, que pessoas como ele não tenham que estar sedadas em instituições, por pessoas que vivem, por sua vez, dentro de seus enquadramentos fictícios, mascarados. Não que isso seja uma regra, que todos vivam farsas. Mas elas são mais comuns do que se pensa, na sociedade onde a revolução tecnológica, principalmente no âmbito da comunicação, favoreceu o culto às aparências. O modo como se relaciona com Tia, com o rapaz que se dispôs a estar com ela, só evidenciam a boa pessoa que ele é, por não tratar os investigados como peças a serem manipuladas, mas por enxergar e respeitar seus sentimentos e perspectivas de mundo. Mais ainda quando sabemos que Stevie é, ali, uma projeção dele mesmo, com a capacidade de tirar dele o melhor, a boa disposição, a boa consciência. E então isso nos faz desejar tê-la conhecido também, nos faz gostar dela, assim como inevitavelmente gostamos de River e seu realismo quase antipático, revelador que os biscoitos da sorte foram inventados em São Francisco, em 1900. Quando se despede de suas "projeções" dos mortos, é como se ficasse um pouco mais só, ele mesmo deixando uma parte de si ir, encontrar um descanso que não lhe é possível integralmente. Cada vez mais encantada com essa narrativa < 3
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