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Que aula maravilhosa foi esse episódio. Adorei a forma como explicaram tantas coisas de uma forma bem didática para situar todo mundo direitinho do que realmente estava acontecendo. Gostaria de acrescentar algumas coisas de uma maneira simplificada para que a experiência pós-episódio de quem é leigo no assunto seja um pouco mais além.
Bom, basicamente, o núcleo de um átomo é composto por prótons que possuem cargas positivas e nêutrons, que como o próprio nome já sugere, não tem carga (são neutros). Cargas iguais se repelem e para manter todos os prótons juntos dentro do núcleo, são necessários os nêutrons ali entre essas cargas positivas, aliviando assim a força de repulsão característica dos átomos pesados (aqueles que tem uma massa muito alta). Na eletrosfera do átomo, encontram-se os elétrons que possuem cargas negativas, mas que não são relevantes numa fissão nuclear, pois não fazem parte do núcleo atômico.
Átomos como o de urânio-235 tem uma massa bastante alta e são instáveis justamente por conta disso, pois a força de repulsão das cargas positivas é muito forte dentro do núcleo. Para ter uma visão disso, imagine todas essas cargas se repelindo fortemente assim como ímãs quando se quebram e tentamos juntar os pedaços. Por isso, o núcleo é instável e tende a se "desintegrar" para gerar núcleos de elementos mais leves e estáveis.
A fissão do urânio-235 acontece quando o núcleo desse elemento recebe um nêutron, o que desconfigura toda a estrutura atômica original do elemento. Essa reação é conhecida como decaimento radioativo. Como consequência dessa "visita" indesejada do nêutron, o núcleo do 235U se quebra, formando núcleos de elementos mais leves (massas menores), como bário e criptônio. Com isso, a reação também libera uma quantidade monstruosa de energia e radiação e mais 3 nêutrons que irão se chocar com outros núcleos de 235U, gerando assim a chamada reação em cadeia.
Dentro de um reator nuclear, essa reação em cadeia é controlada por moderadores de nêutrons, que os capturam durante a liberação dos mesmos. Se a quantidade de nêutrons é controlada, menos deles irão se chocar com outros átomos de urânios, moderando assim a reação em cadeia. Nos reatores mais antigos como os da usina de Chernobyl, os moderadores de nêutrons continham placas de grafite e por conta disso, a descoberta de blocos desse material no pátio da usina após o incidente era um grande indicativo de que o núcleo do reator estava exposto e a única forma disso acontecer seria por conta de uma explosão, algo inimaginável até então.
O princípio da fissão de uma bomba atômica é o mesmo, com a diferença de que na bomba não há um moderador de nêutrons e assim a reação em cadeia é completamente descontrolada. Quando o reator de Chernobyl explodiu, não havia mais nada ali que pudesse controlar a reação em cadeia que continuou acontecendo freneticamente e liberando radiação que além de ser carregada pelo vento, penetrava tudo o que estava ao alcance dela, modificando estruturas atômicas, inclusive as biológicas.
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