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Pois é, havia muito que podia ter sido feito pra equilibrar as coisas. Ficou um vácuo muito grande entre a Ymir passar todo aquele tempo como uma escrava absolutamente subserviente e sem vontade própria, e o Eren resolver tudo num minuto só na lábia. Se a gente tivesse visto um mínimo de motivação nela, um desejozinho por liberdade… E não adianta, tudo que os defensores inserem aqui como justificativa é interpretação própria. Eu já vi muito “Mas o Eren foi o primeiro que deu a ela uma escolha.” Isso é especulação, porque essa informação não existe na história.
Eu sei que não é todo personagem que precisa ter uma super motivação, mas então não se cria um mistério imenso em volta disso. E eu não me conformo como nosso querido Isayama não fez a menor questão nem de SUGERIR por que a Ymir volta pro rei depois de despertar o poder dos titãs. Em nenhum momento passa pela cabeça dela que ela poderia usar esse poder pra libertar a si mesma e/ou o seu povo? Bom, não passa nada pela cabeça dela, né, porque nunca é mostrado o que ela pensa ou sente. Entendo que foi intencional e entendo a ideia que se quis passar, mas não funcionou.
Ai, sei lá. SNK se leva muito a sério, tenta abordar ideias complexas sobre ética, política, sociedade, religião… Mas nunca de fato DIZ nada sobre essas coisas. E ainda por cima chega na reta final e começa a mandar umas resoluções fajutas dessas. É triste.
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Exatamente, Isabelle. E olha que o anime melhorou demais essa parte! Apesar de subjugados e abusados, seres humanos (mesmo quando crianças) são capazes de autorreflexão e de minimamente pensar em outras formas de viver, ainda que aquela tenha sido a única realidade que ele(a) conheceu a vida toda, como no caso da Ymir.
Até dei uma viajada aqui e pensei que dá pra fazer um paralelo com a situação da galera de Paradis. Por exemplo, a única realidade que o Eren conheceu a vida inteira foi de desolação e desesperança. Ele viveu quase tão à mercê dos titãs quanto a Ymir dos Fritz. Ainda assim, a gente acompanhou o desejo e busca dele por liberdade desde criança (ok que ele é o protagonista, mas a Ymir também tem sua importância. Ou melhor, deveria ter). Obviamente, pessoas são diferentes e cada situação tem suas particularidades, mas meu problema é justamente esse. Tudo que o autor nos deixou foi espaço pra teorizar, porque a história não disse nada substancial.
Por que a Ymir volta pro rei, como o rei sabia que era comendo o portador do titã que se passava o poder adiante… São mais lacunas deixadas pra gente preencher. Repito: não é que uma história deva deixar cada detalhe explícito. Claro que é ótimo ter margem pra ambiguidade, subtexto e interpretação. Porém, eu vejo muito desequilíbrio aqui, a ponto de tantas coisas ficarem abertas pra pura suposição sem apoio em fatos.
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Atsuko, não acho que seja questão de esperar verossimilhança, mas de esperar que a história seja fiel à si mesma e ao que ela se propõe a dizer.
Achei bacana você trazer a metáfora do elefante porque, sim, relacionamentos abusivos existem e são inúmeros os motivos que mantêm as vítimas neles (isto é, as que têm escolha). Mais uma questão interessante que poderia ter sido levantada. Mas é aí que tá, nada é realmente abordado. Fomos negados a oportunidade de conhecer a Ymir, tudo que tivemos foi um vislumbre de uma vida sofrida e como ela, literalmente, tropeçou naquele poder. Isso é péssimo porque, até então, a narrativa tinha cercado ela de mistério e nos feito acreditar que suas motivações importavam.
Se o autor tivesse dado informação suficiente, talvez a gente pudesse entender de verdade a Ymir e questionar a escolha dela de voltar mesmo tendo poder pra se libertar. E então estaria tudo certo, porque teríamos fatos pra nos guiar. Volto a bater na mesma tecla: o problema não são as coisas que acontecem, e sim a maneira como acontecem. Se não era pras motivações dela importarem, não faz sentido construir um mega suspense em torno disso. Eu me senti enganada. :’(
O que você falou sobre a conversa do Eren acaba caindo naquilo que eu disse da especulação. Se a história não diz, completamos com o que faz sentido pra gente, e aí fica tudo lindo. Pra mim, o maior problema ali é que foi criada uma impossibilidade (o Zeke dizendo que não é possível parar a Ymir depois que a ordem é dada) e no próximo segundo tá tudo resolvido com algumas palavras. Mano???
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