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A personalidade de AJ foi sendo claramente influenciada pela carga que seria inevitável: ter o pai como chefe de uma família da máfia e ter sido criado em uma redoma, protegido das negociatas, das transações, sem nenhum senso de responsabilidade, sem maiores ensinamentos.
Sim, é muito fácil confundir ensinamento e mera cobrança/ reclamação e é muito fácil colocar a culpa nos genes quando não se quer assumir que falhou na criação do filho. Nesse sentido, recai sobre Tony e Carmela a responsabilidade sobre quem AJ se tornou, mas em parte. Ele mesmo é fraco. Não no sentido de fragilidade ou de ingenuidade. Ele tem a fraqueza de caráter, um egoísmo latente, um umbiguismo que não suporta receber um 'não', que faz com que ele literalmente desmorone quando alguém recusa estar ao seu dispor.
Quando teve o ataque de pânico, uns episódios atrás, já se sabia como a série o tinha construído: incapaz de tomar as próprias decisões, ele também era incapaz de ser alguém para além de Tony (aquele que culpa tudo e todos - sobrou pra condição biológica, genética -, mas não reconhece suas próprias culpas). Mas, como ele nunca chegará a sê-lo, porque recusa a largar a imaturidade, tivemos também o indício de quem sua personalidade repetiria: quando ele tenta matar Corrado, tenta matar a si mesmo - e falha miserável e vergonhosamente. Os dois Junior, os dois incapazes de assumir compromissos para além das demandas dadas por outrem, os dois solitários, os dois dignos de pena.
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