That's the guy Adriana... My uncle Tony. The guy I'm goin' to hell for

Christopher morreu com Adriana, tanto para si quanto para seu chefe. Se ele esperava ser reconhecido por Tony porque foi capaz de entregar a noiva que os delatava, enganava-se profundamente. Para Tony, aquilo foi um atestado de fraqueza, não devido a uma falta de percepção, mas é como se Chris atraísse o azar, o risco, por ser descentrado, por ser emotivo demais, carente demais. Essas características são tudo que a lei da sobrevivência em Sopranos não perdoa.

Nas primeiras temporadas, Christopher tinha de tudo para ser o filho de Tony na máfia, mas acabou se tornando essa segunda decepção "paterna". Ao fim, os dois filhos de Tony, o de sangue e o de crime, se aproximam mais que o esperado: os dois internalizam demais, levam pro lado pessoal demais. Nesse passo, o sangue exige perdão, na cabeça do chefe, mas pra Christopher não haveria desculpas. Principalmente porque Tony realmente depositara, em algum momento do qual não conseguia mais lembrar (depois de todos os maus passos do pupilo), fé nele. Ele podia ter sido o que jamais caberia a AJ por causa do risco que ser da máfia implica. Christopher sempre foi o sacrifício aceitável, portanto. Tony entendeu isso quando conseguiu seu universo paralelo em Las Vegas. E foi com sexo que terminou sua silenciosa vingança: ninguém esperou que o caso de Chris com a corretora fosse perdoado. O troco viria.

No mais, desconfio que o amor de Tony por Carmela e pelos filhos é apenas mais uma tradução do amor que tem por si mesmo. Cuidar das suas famílias é sua honra, sua demonstração de poder e de força. É isso que ele ama. É a ele que ele ama.

Na moral, esse episódio aí foi sem dúvidas um dos 5 melhores que eu já assisti na minha vida.

Mal começam o episódio e já jogam de cara uma morte crua, inesperada, anti-clímax do Christopher. Eu tava esperando tanto um confronto com alguém, por exemplo, Paulie, ou uma morte por overdose. Tony seria a última pessoa na minha mente que iria matar o Christopher.

Uma carga emocional simplesmente fora do comum, todos os eventos seguintes a morte de Chrissy foram representados de uma maneira genial, a reação de Carmela, da esposa dele, o velório... E a reação do próprio Tony.

Mais egoísta do que tudo, matou provavelmente a pessoa que o mais respeitava e amava, claro, apesar de tudo. Chris o devia bastante pelo assassino do pai, Chris ficou no seu lado no lance com Adriana (esta última, um motivo pra tudo isso ter acontecido). Como muita gente falou abaixo, ele se sustentou na cadeirinha do bebê, e que poderia ter acontecido isso com ela, mas na realidade, ele estava pensando apenas em si mesmo, quando matou aquele "drogado, chorão, cuja fantasia era me ver morto", segundo suas próprias palavras.

Tudo isso culminou naquela sequência final maravilhosa, uma das mais emblemáticas da série, e acho que até aqui uma das minhas cenas favoritas, acho que só perdendo para aquela cena do Tony "no outro lado" no 6x3.

Vale citar também a depressão do AJ, que está rendendo uns diálogos interessantes, mas no meio de tanta grandiosidade, isso meio que ficou em segundo plano.

Já estou sentindo falta dessa série fantástica.

Episódio genial. Mais uma vez, roteiro e direção caprichados. Essa série é uma das poucas que alcança a genialidade nesses quesitos.

Quando eu estava na 3ª temporada via esse 6x18 no top 10 de episódios da série, e li o nome do episódio: "Kennedy e Heidi". Fiquei por um bom tempo tentando imaginar qual o significado do nome para tentar adivinhar o que aconteceria neste fatídico episódio. Até imaginei que tivesse relação com o Junior Soprano, que tem uma obsessão pelo John Kennedy. Estava equivocado. Jamais imaginaria que Kennedy e Heidi seriam duas meninas que participariam passivamente do acidente de carro do Chris e do Tony. Elas até pensaram em voltar para ajudar, mas desistiram. E se elas tivessem voltado? O Tony teria matado o Christopher? Será que o Chris escaparia dessa vivo? O Tony seria pego em flagrante ao tentar matar o Christopher? Refleti muito sobre isso. E realmente, uma escolha pode mudar, mesmo que indiretamente, a vida de uma pessoa. Agora, a pequena Caitlyn Moltisanti será criada sem pai. E tudo bem, todos sabemos que o Christopher estava chapado na hora do acidente, mas querendo ou não, a decisão tomada por Kennedy e por Heidi, indiretamente, fará com que uma criança inocente seja criada sem pai.

Tony Soprano é o maior fdp que eu já tenha visto em uma série, ele faz merda e tenta se convencer de que está certo, que está acima do bem e do mal. No início, ele te envolve com aquela conversa de síndrome do pânico, pelo fato de ter sido maltratado pela mãe, mas tudo não passa de desculpas para esconder o que ele realmente é, um sujeito egoísta e mau-caráter, sempre esperando que o mundo gire ao redor dele.