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Para quem não acompanhou os bastidores de American Gods, rolou o maior caos durante a produção da segunda temporada. Para quem sabe inglês, vocês podem ler a história inteira nesse artigo do Hollywood Reporter (https://www.hollywoodreporter.com/live-feed/american-gods-sidelines-new-showrunner-delays-frustrations-1140946). Para quem não sabe, aqui está um breve resumo da fascinante história:
- Os showrunners da primeira temporada foram Bryan Fuller (Hannibal) e Michael Green. Apesar das críticas positivas, Fuller e Green deixaram a série ou foram demitidos da série, dependendo para qual dos envolvidos você pergunta (o presidente do STARZ afirmou que a dupla deixou a série por causa de outros compromissos/ Fuller e Green afirmam que foram demitidos). De acordo com as fontes envolvidas, as principais razões para a saída da dupla foram por causa de terem estourado o orçamento da primeira temporada (vale lembrar que American Gods não foi nenhum fenômeno de audiência), brigas com a produtora Freemantle, uma companhia mais conhecida por reality show, e o fato de Neil Gaiman não ter gostado das alterações feitas em relação ao livro e exigir mais fidelidade a sua obra (de acordo com as fontes do artigo do THR, a demissão da dupla jamais teria ocorrido sem o consentimento de Gaiman...).
- Aparentemente, muitos produtores/roteiristas em Hollywood se recusaram a aceitar a função de showrunner da segunda temporada, por receio da tarefa de continuar o trabalho de Fuller e Green. Finalmente, Jesse Alexander foi escolhido pessoalmente por Gaiman como o novo showrunner, com a exigência de 1) não estourar o orçamento e 2) ser mais fiel ao livro. Embora Fuller e Green já tivessem escrito os seis primeiros episódios da temporada, a produtora os jogou no lixo e reescreveu tudo do zero, além de diminuir a encomenda original de 10 para 8 episódios. Enquanto isso, Gillian Anderson e Kristen Chenoweth, que trabalharam com Fuller respectivamente, em Hannibal e Pushing Daisies, se recusaram a retornar sem o amigo, e ocorreu um recast nos papéis.
- A situação, ao invés de melhorar, só piorou nas gravações. De acordo com as fontes ouvidas, o novo showrunner Jesse Alexander teve um péssimo relacionamento com os atores (que preferiam Fuller e Green), principalmente Ian McShane, com o qual teve brigas feias, e a emissora Starz também estava infeliz com o tom mais convencional de Alexander, preferindo a abordagem mais surreal de Fuller e Green. Com os roteiros sendo reescritos constantemente nos sets, os atores começaram a improvisar os diálogos, e a produção foi obrigada a contratar o ator Orlando Jones (Mr. Nancy), que é membro do WGA (Sindicato norte-americano de Roteiristas), como roteirista da segunda temporada, para não serem processados. O fato de Neil Gaiman estar mais ocupado com a produção de Good Omens não ajudou. E para piorar, a emissora Starz não gostou dos efeitos visuais dos episódios 3 e 4, e foram forçados a regravar muitas cenas desses episódios.
- No auge da ironia, o orçamento da segunda temporada estourou e eles perderam os prazos (que foi justamente aquilo que o novo showrunner Jesse Alexander tinha sido avisado para evitar), culminando num novo hiato na produção e mais refilmagens dos episódios anteriores antes mesmo das filmagens do season finale. Finalmente, Jesse Alexander foi demitido pela produção, e proibido de ter qualquer envolvimento com a montagem, aparições nos set e na pós-produção da segunda temporada. Depois que outro roteirista promovido ao cargo de showrunner abandonou o barco quase que imediatamente, o diretor de produção Chris Bryne e a produtora Lisa Kussner se encarregaram da pós-produção. E tudo isso forçou a série a ser adiada para 2019. E até o momento, o Starz não conseguiu nenhum roteirista disposto a assumir o cargo de showrunner da terceira temporada (caso American Gods seja renovada).
Agora é torcer para que isso tudo não tenha influenciado na qualidade dos episódios. American Gods merece muito.
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